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Balneário do Caldas: diversão em contato com a natureza


O Balneário de Caldas fica na região do Cariri, extremo sul do Ceará e é tida como a única estância termo-mineral desse estado.

Recebe milhares de visitantes por ano. É frequentada principalmente por romeiros do Padre Cícero e por gente da região que vai lá em busca de diversão nas piscinas, fontes, bares e demais atrativos.

Porém, o lugar já é conhecido há muito tempo. Há pelo menos uns 150 anos.

Toda a história começou quando o Padre Ibiapina, célebre por andar pelos sertões promovendo obras de caridade, chegou por ali para conhecer uma igrejinha.

O religioso percebeu que havia fontes de águas minerais ao lado da igreja e logo passou a recomendá-las para o banho terapêutico. A partir daí a região começou a receber muita gente atraída pela esperança de curas e milagres.

Existem registros de que as águas do Balneário do Caldas garantiram também a sobrevivência da população durante vários períodos de secas no passado.

Conta-se que até Lampião parou naquela mata de clima mais ameno e repôs todas as suas provisões de água nessas fontes.

Quer conhecer melhor esse local cheio de paisagens e história? Então continua com a gente, pois é o assunto desse artigo do Reverso.

Chegando ao Balneário do Caldas

Se você leu o nosso artigo sobre Juazeiro do Norte, viu que nós estávamos em uma excursão junto com romeiros.

A viagem de onde estávamos hospedados até o balneário durou aproximadamente 50 minutos, cruzamos o centro da cidade de Juazeiro e o de Barbalha e começamos a percorrer umas estradas onde a cobertura vegetal era bem mais densa e vistosa do que a do que a gente viu na ida até o horto, na visita à estátua do Padre Cícero.

Chegamos ao lugar que os nossos companheiros de excursão já conheciam,  era costume da turma da D. Eurídes passar um dia no que eles chamavam de o “clube”.

O nosso ônibus teve que ficar num pátio a certa distância da entrada do local por causa de orientações da administração e isso causou uma situação desconfortável ao nosso grupo.

Estávamos com bastante gente, entre idosos e pessoas com dificuldades de locomoção, que tiveram que caminhar do estacionamento até a entrada.  A neta da D. Eurídes resolveu o incidente com a administração do espaço e todos puderam entrar.

Por isso, se você está em Juazeiro de carro com a família ou vai de ônibus em excursão, entre em contato com os responsáveis pelo espaço para tirar todas as suas dúvidas e se informar sobre como agir caso tenha alguma necessidade específica.

A parte histórica e ecológica

Na hora em que a gente entrou, não havia tanto movimento assim na parte mais antiga do “clube”, por isso, deu para registrar tudo com mais calma.

A pequena capela do Bom Jesus está no lugar onde ficava a igreja que o Padre Ibiapina conheceu em 1869. Vimos um templo bem pequeno, em pedra, madeira e vidro, já muito diferente do que seria a 150 anos.


Olhando para o teto, vimos umas fitas bem típicas de pagadores de promessas.

As fontes ficam em pontos onde havia bem mais movimento. Depois de descer escadarias de pedra, chegamos até um local que também já deve ter sido bastante modificado, com plataformas de acesso e corrimãos para proporcionar mais segurança ao visitante.

Lá embaixo, as águas consideradas medicinais.


A visão impressiona por diversos motivos: é possível ver as pedras de dentro do poço, como se não existisse mais nada ali, apenas com os reflexos da luz do sol e com o movimento das pessoas, conseguimos identificar a água. Quem entra no poço é “empurrado” pela água para a superfície, não consegue afundar, nem que tente.

Existem indicações de onde ficam as principais atrações do local, com placas explicativas.

Entre elas o tal “poço do capitão”, onde, reza a lenda, é o local que Lampião descansou com seus “cabras”.


Outro aspecto interessante desse lugar é que ele é um dos pontos de abrigo de um tipo de passarinho, o soldadinho-do-araripe. Essa espécie é exclusiva do sul do Ceará e está correndo sério risco de extinção.

Seria bem difícil encontrar algum passarinho por ali por perto, ainda mais com a quantidade de gente aumentando na medida em que ia chegando a tarde, mas vimos muitas árvores, muito verde, contrastando com o que estamos mais acostumados a ver em terras sertanejas.


Piscinas com diversão para todos os gostos

Em outra parte do balneário ficam as piscinas. Aí foi que a gente viu um montão de crianças e adolescentes a correr e brincar.

O que mais chamou a nossa atenção nesses espaços foi o modo como as piscinas eram feitas.

Os tradicionais, tobogãs, escorregos e pisos de ardósia amarela estão lá junto com o uso de muita pedra, nas paredes internas das piscinas, nas rampas e nos corredores.



Entre as piscinas é possível ver também alguns outros chafarizes e fontes. As pessoas passando de um lado para o outro dos bares e pequenos restaurantes. Muitos grupos de amigos, famílias, caravanas com romeiros do Padre Cícero, juntam mesas e cadeiras para passar uma tarde de distração ao ar livre.

Engenho Padre Cícero – Rapadura, doces e cachaça

Uma das características dessa região do cariri cearense é o cultivo da cana, o que em Pernambuco, de onde viemos, está mais associado à zona da mata. Aqui os engenhos foram implantados no século XVII.


O engenho que leva o nome desse personagem que é mais importante da região, assim como quase todos os estabelecimentos comerciais, rodovias, avenidas, prédios públicos e o que mais você imaginar, não tinha lá muito de atrativo.

Antes, pelo contrário, tem uma aspecto que não chama a atenção, bem diferente daquilo que vimos em outros engenhos, como o Uruaé, em Condado, Pernambuco.

Existe um barracão onde as pessoas compraram doces, rapadura, cachaça, entre outros produtos da cana-de-açúcar.

Valeu a pena estar em uma excursão?

A tarde já estava caindo quando fomos embora do engenho rumo à nossa estalagem em Juazeiro. Restava mais uma noite até a viagem de volta para Olinda.

Mesmo com o quarto um tantinho desconfortável, dormimos bem até pelo fato de termos passado um dia todo movimentado, nos cansamos bastante.

Estar em excursão foi uma novidade para nós.

Se por um lado, perdemos autonomia na escolha de pontos para visitar e sobre os tempos que permanecemos em cada um deles, por outro, tivemos muitas companhias, conhecemos gente nova. A turma da Dona Eurídes, até por já ser entrosada, manteve o clima muito bom em todos os momentos da viagem.

Itinrários e demais informações

Geralmente as pessoas vão até Barbalha desde Juazeiro do Norte, durante as visitas à igrejas e ao Horto onde fica a estátua do Pedra Cícero.

Se você está saindo de Fortaleza até essa cidade, são cerca de 530 quilômetros, de Recife, de onde partimos, são 586 quilômetros, pela BR – 232 e depois por rodovias estaduais, saindo de Pernambuco por São José do Belmonte, passando por Brejo Santo, já no Ceará.

O Reverso do Mundo não se responsabiliza por mudanças de horários, por taxas cobradas, políticas de uso do local nem qualquer outro serviço que seja ou deixe de ser oferecido. Fomos como visitantes e não temos ligações com a administração dos locais nem com órgãos públicos das cidades.

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