Não, não há nenhum fenômeno que faça com que o céu fique verde. O céu na cidade de Areia, região do Brejo Paraibano, é azulzinho, com nuvens brancas e acinzentadas aqui e ali.
Na verdade, a gente está se referindo a uma expressão criada pelo escritor José Américo de Almeida pra homenagear uma árvore, a Gameleira: “o céu verde da cidade“.
Sobre como a árvore teria aparecido por lá
Não se tem notícia de quando ela foi plantada, a tradição oral diz que teria brotado numa estaca que existia no local antes mesmo de Areia se tornar uma cidade, em 1846. Assim, ela teria visto a cidade nascer e se desenvolver ao seu redor.
Conta-se que no final do século XIX e começo do XX, a Gameleira já era um colosso. Seu tronco tinha uma circunferência tão grande que eram necessárias oito pessoas para abraçá-la, ela não só servia de abrigo pra os tropeiros e o gado, como também de inspiração pros poetas e trovadores.
Dizem que o povo da cidade tinha uma até mesmo um sentimento de veneração pela Gameleira.
Quando o telégrafo chegou à cidade, foi instalado um isolador no tronco da árvore, para que dele fosse possível operacionalizar a nova tecnologia.
Mas então, onde está “O céu verde”? Não há fotos nesse post?
Fotos pode até ainda ter sobrado alguma em uma coleção de uma família, ou algo do tipo, mas a gameleira não.
A árvore que era o “céu verde da cidade” foi derrubada por ordem da prefeitura em 1931, sob a alegação de que as suas raízes e galhos poderiam danificar a estrutura física das casas e atrapalhar a construção de novas edificações, assim como do calçamento de vias públicas.
Hoje em dia, há um enorme painel com a representação da árvore no Museu Regional de Areia.

A Gameleira ficava mais ou menos em frente à praça José Américo de Almeida, onde estão dois outros importantes monumentos da cidade: o belíssimo prédio da Escola Estadual Min. José Américo de Almeida e a Igreja do Rosário, lugares sobre os quais já falamos anteriormente no Reverso.
O “reencontro” com a Gameleira
Não é possível reconhecer o local exato onde ficava o “céu verde da cidade” de Areia apenas andando pelas ruas, pois não há nenhuma marca, placa… nada.
Mas, com base em algumas poucas imagens e conversas com o pessoal do Museu Regional de Areia, é possível ter alguma noção de que ela ficava na saída de uma das principais vias da cidade, que inclusive recebe o nome de “Rua da Gameleira” que se bifurca quando encontra a praça José Américo de Almeida, dando origem a duas outras vias, uma delas é onde fica o Teatro Minerva, o mais antigo do estado da Paraíba, e outra, que vai dar no largo da Igreja Matriz, onde há também a Praça Pedro Américo.
Leia no Reverso do Mundo:
Será que o corte da Gameleira, aparentemente tão querida pelo povo de Areia, era mesmo necessário?
Em 1931 praticamente não havia discussões sobre ecologia, impactos ambientais e Areia permanece com o seu clima serrano, ameno até mesmo no verão.
Mas isso pode nos remeter a esse problema agora, século XXI, quando vemos alterações no clima de capitais e regiões metropolitanas, bem como os efeitos colaterais no interior desse Brasil afora.
É preciso que as questões relacionadas ao crescimento e à sustentabilidade sejam melhor planejadas. Em novembro de 2015 tivemos uma enorme catástrofe ambiental, em janeiro de 2019, outra, a maior do tipo na história do país.
Outras, de menores proporções e menos apelo midiático, seguem acontecendo todo dia.
E muitas vezes, um problema que acaba ficando sério demais é desencadeado pelo abatimento de uma árvore, por exemplo.
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