O Poço da Panela é um bairro tradicional de Recife que tem uma situação quase inversa à de Casa Amarela, que visitamos no post anterior.
Enquanto Casa Amarela parece uma cidade dentro de outra, o bairro que visitaremos hoje é um pedaço de Recife que parece estar distante de uma metrópole movimentada como é a capital pernambucana.
Fique com a gente aqui nesse post que nós te contamos as histórias desse recanto histórico e diferente.
Os banhos medicinais no Rio Capibaribe
Essa área originalmente era parte das terras do engenho Casa Forte e havia apenas um povoado bem pequeno com umas casas aqui e acolá.
No final do séc. XVIII houve uma grande epidemia de cólera no Recife.
Os médicos então começaram a aconselhar membros de famílias mais abastadas (afinal eram só elas que tinham acesso a esses profissionais) a irem para aquelas bandas, pois o trecho do rio Capibaribe que passava por ali poderia ter propriedades medicinais.
A notícia se espalhou e aí as famílias ricas de Recife começaram a se instalar no local, construindo verdadeiras mansões de veraneio às margens do rio.
Mas o bairro não ficou marcado apenas pela doença e pela vinda de famílias em busca de banhos medidicinais.
Conta-se que primeira execução ao vivo de um piano em Pernambuco, foi aqui, em 1810, na novena de Nossa Senhora da Saúde. Quem registrou o recital foi proprietário de terras da região, Henry Koster, que apesar do nome era português, filho de ingleses.
Diversos Artistas foram morar no bairro. Muitos desenhistas fizeram obras que ajudaram o registro visual da região, isso, em fins do século XVIII e começo do XIX, quando ainda não havia chegado a fotografia.
O nome do bairro surgiu de um fato interessante:
A população crescia no lugar e começava a ter problemas de desabastecimento de água…
Ora! Mas o rio passava logo ali, certo?
Sim, mas um largo trecho do Capibaribe era usado pra os famosos banhos medicinais e as pessoas achavam que não deveriam consumir aquela água, mesmo levando-se em consideração que há 200 anos, não era poluída como passou a ser depois, no século XX.
Também não era viável trazer águas em barris ou jarras desde o centro da cidade.
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As coisas começaram a ficar meio desesperadoras até que foi descoberto um olho d’água, ao lado da igreja.
Desse modo, para que a água não fosse perdida, fizeram um estrutura de barro pra segurar as paredes do poço.
O povo achou aquela gambiarra parecida com uma grande bacia, e então, a partir daí, começou a chamar não só a tal estrutura, mas também toda a vizinhança de “Poço da Panela“.
O Poço da Panela hoje em dia
É comum considerar o bairro como de classe média alta. A bem da verdade, a maioria das casas nas proximidades da igreja dá essa noção.
Porém, como em toda a cidade, gente muito pobre vive por ali, por trás dos casarões, em ruelas, às margens. A gente vê principalmente crianças correndo nas calçadas, de pés descalços, cabelos desgrenhados, com a pouca roupa suja.
Grande parte do bairro é patrimônio histórico, o calçamento em pedra foi mantido e não existe muita circulação de carros pelas ruas, sendo a principal delas a Estrada Real.
Personalidades ilustres como o escritor Ariano Suassuna moraram nessa viznhança.
Vindo para o Recife, vale a pena uma visita ao Poço da Panela. É próximo do centro, das praias, enfim, de fácil acesso. Não se demora muito por lá e é um passeio que sai quase de graça.
Você terá a oportunidade de conhecer mais um pouco da história e da cultura pernambucana nesse bairro.
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