Pular para o conteúdo principal

Tortura Nunca Mais

Hoje nós finalizamos o passeio pela parte norte da Rua da Aurora, numa parada na Praça Pe. Henrique, onde vemos o monumento Tortura Nunca Mais.

Um projeto para revitalizar a rua

No início dos anos 1990, a prefeitura da cidade do Recife pretendia revitalizar uma área da Rua da Aurora que praticamente não tinha movimento.

Surgiu então a ideia de se fazer uma praça com um monumento em memória dos mortos e os desaparecidos da época do regime militar.

Um concurso foi feito e a proposta vencedora foi a do artista plástico piauiense, hoje radicado em Olinda, Demétrio Albuquerque.

Leia também no Reverso:

Em 27 de agosto de 1993 aconteceu a cerimônia de inauguração do Memorial Tortura Nunca Mais, onde participaram várias representantes do poder público e da sociedade.

Esse foi o primeiro memorial construído em praça pública em homenagem aos presos e desaparecidos políticos mortos no Brasil.

Várias homenagens e uma figura emblemática

Na praça, há um monumento ao próprio Padre Henrique, que foi um jovem religioso que acompanhava Dom Hélder Câmara e que foi morto em 1969.

Segundo relatos históricos, isto teria acontecido justamente pra amedrontar D. Hélder, uma das vozes que se levantava contra a ditadura.

Há também umas placas no chão, que lembram lápides, elas estão identificadas com nomes e rostos de pessoas que foram mortas ou desapareceram nos tempos do regime militar.

Há também pessoas que sobreviveram e continuaram a ter alguma atuação no cenário político depois da redemocratização.

A figura central representa uma pessoa na posição em que ficava ao ser pendurada num mecanismo que ficou conhecido como “Pau de Arara”. A moldura fria e cinzenta onde fica a imagem faz referência ao isolamento no cárcere.

Monumento Tortura Nunca Mais – Um local para reflexões

Hoje em dia já estamos ficando cada vez mais distantes no tempo daquele contexto sociopolítico que fez com que houvesse a ditadura no Brasil.

Já temos uma geração de jovens e adultos passados dos 30 anos que estão por aí. Paralelamente, ainda termos bastante gente que esteve atuante naquela época.

O golpe militar de 1964 e tudo que se seguiu a ele, os acontecimentos e suas consequências fazem parte da história e, de vez em quando, ainda levantam acaloradas discussões.

Um monumento como esse, além de ser um local tranquilo, também pode servir pra uma reflexão sobre as nossas relações sociais, sobre o que queremos pra o futuro, pras novas gerações.

A Praça Pe. Henrique e o Monumento Tortura Nunca Mais estão, diferentemente do clima de regimes de exceção, num lugar bem bonito e tranquilo da Aurora.

Portanto, vale a pena uma visita, há estacionamento bem do lado. No final de semana, é melhor ir num sábado, pois no domingo várias áreas estão bloqueadas pela ciclovia.

Essa foi a nossa primeira série de artigos sobre a Rua da Aurora, uma das vias mais importantes da cidade do Recife.

Em breve, vamos percorrer outras ruas significativas para a história e a cultura da cidade do Recife.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Engenho Uruaé - Turismo rural e histórias em Condado - PE

Na zona rural do município de Condado, que fica na região da mata norte pernambucana, a 60 quilômetros do Recife, fica um recanto cheio de histórias: O engenho Uruaé. Fundado em 1736 por Manoel Corrêa de Oliveira Andrade, o Uruaé conserva, em ótimo estado, aquilo que é chamado de “quadrilátero do açúcar”: Casa-grande, a Capela, Senzala e a chamada “moita”, que é o lugar onde se produzia o açúcar. Esta é a  formação completa de um clássico engenho do Nordeste. A “ moita ” e a Senzala Apenas a “ moita ” é que não tem mais as moendas e demais engenhocas, porém, ainda podemos ver a chaminé, caminhões que transportam cana-de-açúcar e demais peças que passaram a usadas já depois que o maquinário e o próprio edifício foi modernizado no século passado. Atravessando um terreno gramado, chegamos à Senzala. Os escravos eram trazidos pra cá do Mercado da Ribeira, em Olinda. Um dos cubículos da senzala é aberto e nele se encontram vários objetos como pilões, móveis bastante rústicos e pesados i...

O Baobá e o Pequeno Príncipe

Estamos na Praça da República, centro do Recife. É aqui que fica o Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo do Estado de Pernambuco,  assim como um dos teatros mais belos do país, o Santa Isabel. E é nesse local que existe um Baobá, uma árvore especial. Viemos aqui atrás de uma história de que ouvimos falar: Teria sido esse o Baobá que serviu de inspiração para o famoso livro “O Pequeno Príncipe”? Desde a África pro Brasil O Baobá tem sua origem no continente africano e também há espécies originais da Austrália. As espécies da África foram as que vieram para Brasil trazidas por escravos que eram sacerdotes em seus povos de origem. Elas deveriam ser plantadas especificamente em lugares destinados a cultos. No Candomblé, é uma árvore considerada sagrada. Sob hipótese nenhuma deve ser ter seus galhos podados e muito menos ser cortada. Uma árvore virtuosa Segundo os botânicos, uma árvore dessas pode chegar a viver de três a seis mil anos e uma de suas principais virt...

Histórias e personagens do bairro de Apipucos

Vamos conhecer hoje, no Reverso, o bairro de Apipucos. Visitaremos lugares históricos e emblemáticos, que ainda hoje conservam-se em pontos extremos da área mais densamente urbanizada da cidade do Recife. A Igreja que já foi capela de engenho Nossa primeira parada é na Igreja de Nossa Sra. das Dores. Ela fica numa elevação bem às margens da via principal, a Av. de Apipucos, que mesmo num dia de domingo já pelas 15 horas é bastante movimentada. O acesso se dá por uma rua onde encontramos umas fileiras de casas que são bastante tradicionais em todo esse setor do bairro. Não se sabe a data de construção do templo, mas ele está construído sobre outro mais antigo, que teria sido a capela do Engenho Apipucos, fundado em 1577. Não há vestígios da Casa Grande desse engenho, mas acredita-se que ela poderia estar do lado esquerdo da igreja. O templo primitivo foi praticamente destruído pelos holandeses em 1645. É curioso, pois eles também saquearam e destruíram várias igrejas em Olinda. Só que d...